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A NAMORADEIRA

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Olha a Clarice Ali na janela Reparando a minha vida E eu reparando a dela Olha, Clarice... Eu pareço tão bem Mas problema e tristeza É toda gente que tem Ganho meu dia, Clarice Com você a me olhar Só fico borocoxô Quando cê não está Cê é tão bonita, menina Que eu ando devagarinho Que é pra ficar mais contigo Nesse meu curto caminho Eu moro na esquina Venho todo dia a pé Será que um dia cê vinha Tomar comigo um café? Café passado na hora Com bule de Minas Gerais Faço até broa de milho Pra você gostar demais Pensa, Clarice Que bom que ia ser De mãos dadas na praça Só eu e você Cê me olhando de perto Eu piscando os olhinhos Dizendo coisa bonita Um monte de passarinhos Imagina, Clarice A gente com sorrisão Você agarrando meu braço Eu com meu violão Não perde tempo, Clarice Pendurada na janela Vamos viver um história Que nem vivem na novela Anda, Clarice Desce agora pra cá Você me olha tanto, menina Queria te namorar. Mari #entrecriaturasamar

É PRA DOER

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A HORTA TORTA

Sou a pior cuidadora de horta.  Eu faço a horta. Planto a horta. Esqueço o que plantei e aonde. Depois esqueço a horta inteira. Tudo cresce como quer. Alface dá flor e semente,  vem visitantes insetos, aranhas e passarinhos em geral. Fico com pena de tirar as lagartas que viram borboletas brancas que tornam a botar ovos de onde nascem mais lagartas comedoras de couves. Eu me convenço que nem gosto mesmo de couve. Tem as joaninhas, minhas únicas aliadas na impossível tarefa de acabar com pulgões, ainda mais sem nenhum esforço de minha parte. Cada um que coma o que quiser. Não tenho nada com isso. Na minha caótica e comprovadamente ineficaz estratégia, não cobro nada de ninguém, mas também quase não dou. As vezes colho algum tomate, um tempero ou algum chá e me impressiona achar coisas que eu não lembrava de ter plantado... Dizem que quem planta, colhe. Fico pensando que seria bonito se fosse verdade, porque pra colher a gente começa plantando, arrumando, colocando as coisas no lugar. M

POESIA DE GAVETA

Poesias que moram na minha gaveta Onde a gente guarda o que não cabe mais? Como a gente trança e destrança, costura e descostura, vela e enovela, fio a fio, o emaranhado que não tem nome, mas nos agarra pela cintura pra não podermos seguir? Onde a gente guarda a preguiça, a culpa e todo vazio que parece pó, que parece nuvem viva, sufocante e branca, por vezes com forma vaga de um animal qualquer? Onde a gente acha aquele instante, deitada ao sol, de fechar os olhos e sentir, como quem fura o dedo num espinho: - doeu, acho que estou viva. Aliás, como a gente sabe se está mesmo viva? Como a gente reconhece o caminho, as pedras do caminho, a beleza das pedras do caminho, enquanto tropeça no próprio pé ferido? Como a gente pode ser mão, mãe, colo, amor, organizar as gavetas de meias, as fotografias, fazer listas de compra, decorar o RG, se olhar no espelho e não ter certeza de ser você ali? Como a gente se permite encontrar tão menos, procurar tão pouco, aceitar tão nada, s

PASSARINHOS

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Eles passarão Eu, passarinho Mário Quintana

UMBRELA AMARELA 2

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UMBRELA AMARELA 1

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