MENINO LUZ


Texto e ilustração: Mariana Faria-Corrêa

O menino nasceu e parecia o sol. Ele era grande, claro e quente.  Tão quente, tão brilhante, que às vezes era difícil de olhar. Todos comentavam sobre o menino luz.

A mãe se envaidecia, o pai se comovia. Para o menino, na verdade, tanto fazia. O que ele queria, de verdade, era jogar bola, andar de bicicleta e correr pelado tomando picolé. O menino não sabia que era de luz. Não sabia que era diferente dos outros meninos descalços, só algumas coisas ele sabia.

Sabia ver cores nos sons e sabia ler as pessoas. Ele tinha sempre suas mãos macias e um sorriso pra você. Ele também sabia de onde ele vinha e pra onde todos vão. Sabia sentir cheiros como ninguém, de medo, de fruta, de carne na panela.

Esse menino era claro, radiante e acolhedor, mas o que ele queria mesmo, de verdade, era brincar com a irmã na caixa de areia.

Comentários

Odorei o menino de luz mas, obtuso que sou, não entendi a menina e a caixa de areia.

Forte abraço.
Marcos
Obrigada pelo comentário.
É a segunda pessoa que me pergunta sobre a caixa de areia :)
Vou usar a mesma resposta.
O menino luz é um menino real, que se você conhecer um, vai entender o que quero dizer. Não é nem comum, nem fantástico. A caixa de areia é a coisa mais infantil que me ocorreu, mais simples e natural, sem maiores expectativas ou necessidades. Apenas a caixa de areia, a irmã, um dia de sol. Mesmo sendo ele O menino luz. Bj pra você!!
Luiza disse…
Já havia lido, mas agora, com a perspectiva do texto ser seu, tive um olhar ainda mais crítico. É poesia pura! E entendi e adorei o final. Bjs.

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