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ALMA DESVAIRADA

A minha alma, a minha tez. Como me enxergam ou quem me fez. Cada segundo do dia, cada coisa que eu fiz, nada disso me resume, ou me torna mais feliz. Dentro de uma casca grossa, que é quase quem não sou, vive uma alma enclausurada, toda torta e agitada, esperando, entusiasmada, escutar aquele som. E essa essência, bem maluca, de artista e de poeta, mal espera a porta aberta pra sair com muita pressa e num repente acordar. Uma fresta pequeninha. Pra passar num dia ou noutro. Porque a casca é casca dura, mas a alma é mais malandra. Encontrando um buraquinho, sai com tudo em desatino, atropela a coisa toda. De pequena se agiganta. Causa um turbilhão que só. Vira enorme num instante. Nada parece maior. Vira cor e vira luz, vira som e resplandece. Num segundo ainda é noite, no outro amanhece. Enquanto o corpo, coitado, padece de confusão, a alma cresce sem tamanho e sem dar satisfação. Pra lá e pra cá, corre sem parar. Muda tudo de lugar. Some. Reaparece. Não tem compromisso

PEQUENÍSSIMOS

Quando mal era estudante de biologia, no meu primeiro semestre de graduação, assisti a uma palestra em um encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que mudou a minha forma de enxergar a vida. O palestrante, em 1996, que infelizmente não lembro o nome, tinha uma enorme fotografia de uma pequena parte universo. Através dela, contextualizou um ser humano, dentre bilhões de seres humanos, no planeta, dentre trilhões de planetas, na galáxia, dentre bilhões de galáxias, no universo. Dali em diante, claro, comecei a ter aquela incômoda sensação de que, provavelmente, não estaríamos sós no universo e - mais ainda - que a nossa existência aqui seria algo quase irrelevante num contexto mais amplo, ainda que não nos eximisse de fazer o melhor que pudéssemos. Pautei minha vida por esses princípios. A saber, apenas por curiosidade, a Via-Láctea é uma galáxia – que por sua vez é um amplo conjunto de estrelas, incluindo uma grande variedade de gases e poeiras astrais – n

ESSÊNCIA

Quem a gente é, de verdade, não está na nossa casca, ou na forma como alguém enxerga você. Não está na sua profissão ou nas tarefas que você faz todos os dias. A sua essência, a de verdade, está lá dentro bem guardada, colorida, borbulhando, fazendo força para transbordar. As vezes demora. A gente segura pra não vazar. A gente adoece, emburrece, envelhece. Mas acontece que se você tiver sorte ou coragem, num momento de descuido, a alma vem. E ela pode ter muitas cores, formas, cheiros. Pode ter som. Pode ser agradável, talvez não. O fato é que depois de extravasar, ela expande, e não cabe mais de volta. Aí você pode se olhar no espelho e se reconhecer. E é quase certo que vá se estranhar. Não há mais nada o que se possa fazer, agora esse é, enfim, o seu você e é com ele que você vai acordar e dormir, vai encarar os amigos, a família. Talvez precise de mais ou novos amigos. Talvez precise procurar outros espaços, outras conversas. Pode ser que precise cantar, dançar, escrever um livro,