FILHOS CRESCEM COMO FEIJÕES MÁGICOS

Quem é mãe (ou pai) sabe muito bem que filhos não crescem aos pouquinhos. Filhos crescem como feijões mágicos. 

Você se dá conta disso em uma única noite, quando o coloca na cama com seu pijama de ursinho favorito e na manhã seguinte aquele pijaminha está pequeno demais. Depois disso, você começa a perceber ao vê-lo dormindo, que ele está quase do tamanho do colchão e deduz que deve ser por isso que fica cada vez mais desconfortável quando ele vem dormir na sua cama.

Quando você tem uma filha, ainda mais cedo é surpreendida. Vocês planejaram juntas um lindo aniversário de 8 anos com o tema “corujas”. Uns meses antes da festa ela avisa que resolveu mudar o tema para "Festa do Rock".

Pela fresta da porta do quarto, você a espia se olhando no espelho, de frente, de lado, e a flagra dando um breve e analítico tapinha na barriga. Você a vê em dúvida quanto ao que vestir e se surpreende quando ela se oferece para fazer o jantar. Fica emocionada ao ser escolhida para responder perguntas existenciais e orgulhosa com as novas conquistas e habilidades. De longe, você a observa dominando novos espaços, admirando pessoas, desabrochando talentos, fazendo escolhas.

A acompanha escolhendo utensílios de cozinha para se tornar uma chef e objetos bonitos para decorar seu quarto. A vê trançando os cabelos e testando a cor do esmalte para sua festa. A ajuda a planejar uma longa viagem em família à Paris, lugar que ela elegeu admirar, e a estimula a batalhar da sua maneira para que isso seja possível.

Você sente falta daquele bebê e ainda tem vontade de pegá-la no colo, mas ela não é só sua agora. Ela tem um mundo próprio, do qual você não faz parte, e isso te assusta. Você quer cuidá-la e preservá-la dos medos, dos perigos, mas também quer que ela cresça forte e livre, que saiba fazer suas escolhas, que saiba dizer não.

Quer ser sempre a mulher que ela admira e se inspira, estar ao lado dela em todas as conquistas e ter certeza de que ela saiba que sempre poderá contar com você. Torce para que vocês duas nunca percam a cumplicidade de hoje, e que ela precise do seu colo e do seu beijo mágico se a magoarem, mesmo quando crescer.

No fim das contas, você morre de medo que ela cresça. Mas mal pode esperar.

Pra você, minha filha, que está crescendo agora, seja sempre feliz.


Texto: Mariana Faria Corrêa

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