UM METRO DE REVOLTA

Delícia quando você sai com seus filhos para almoçar no restaurante/supermercado da cidade. Sozinha com eles, os dois super comportadinhos, todo mundo olhando, dando sorrisinhos, elogiando as crianças e você super confiante, se sentindo uma ótima mãe.

De repente, o mais novo tem um chilique, sai correndo com um carrinho na mão driblando prateleiras de vinho. Você, ridícula, correndo atrás achando que consegue controlar as coisas somente com o poder da mente. Pega enfim a criança, a segura no colo, e ela se transforma num mini ogrinho, gritando (berrando!): ME LARGAAA, ME LARGA A-GO-RA! Você, com cara de paisagem, repara olhares de reprovação geral, tenta se convencer que sabe o que está fazendo.

Quando, por fim, a criança enlouquecida resolve se livrar de você, nem que seja te mordendo, tamanha a indignação (acreditem se quiser), e você se desvia daquela boquinha minúscula com facilidade, daquelas mãozinhas gordinhas irritadas, e olha por um instante aquele mini ser como se não estivesse ali passando por isso. Um pintinho de um metro, revoltado, com sono, tentando se expressar... A única coisa que te resta é ter um súbito ataque de riso, botar as crianças no carro, catar um bico e dar umas voltinhas a mais pra ver em quantos segundos ele cai no sono. Vai chegar atrasado na aula.


Texto: Mariana Faria Corrêa

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