CAMINHAR SOBRE OS PASSOS DO OUTRO


Quase todo mundo é especialista em julgar outras pessoas pelo que vê, pelo que ouve ou pelo que deduz. Isso parece ser algo natural nos seres humanos. Em poucos segundos conseguimos desenvolver um parecer a respeito de alguém que não conhecemos. Conseguimos definir punições “justas” para atitudes que não aprovamos e decretar soluções definitivas, com pouco envolvimento emocional.

Por outro lado, não é nada fácil nos despojarmos de nosso próprio referencial e nos colocarmos verdadeiramente no lugar de alguém a ponto de nos sentirmos como ele.

A capacidade de suprimir nossos próprios sentimentos dando lugar aos do outro, isso sim, é um dom. Um dom raro e necessário.

Bastava isso, essa única habilidade, e não seríamos vazios, nem tristes. Não como pessoas, mas como sociedade, como irmãos, num único espaço que nos coube partilhar.

Mas não é fácil, claro que não. É um exercício diário, de tolerância, de amor e também de sofrimento.

Se colocar no lugar do outro implica em assumir responsabilidades, consigo e com o outro. Significa parar, pensar e reagir despido da própria verdade. Também significa estar aberto, disponível, atento.

A empatia é algo a ser exercitado todos os dias. Com seu filho pequeno explodindo de frustração no supermercado, com seu pai mais velho precisando de companhia, ou com seu irmão simplesmente feliz.

Talvez precisemos exercitar a empatia depois de uma grosseria gratuita do melhor amigo, ou com a falta de atenção da caixa de supermercado, ou com a lentidão de desconhecido atrapalhando o trânsito.

Ser empático não é ser caridoso, nem ter pena de alguém que se julgue desfavorecido. 

A empatia é, na verdade, ter real interesse por outro ser, por suas circunstâncias, sua história de vida, suas escolhas, seus momentos. É tornar-se disponível. É oferecer a alma, mesmo que doa. É relevar, ponderar, compreender. É ousar caminhar com os passos do outro.

A humanidade precisa desesperadamente de empatia. Precisamos exercitá-la, ensinar com nosso próprio exemplo aos pequenos. Jamais seremos perfeitos e, justamente por isso, o exercício da empatia se faz tão necessário.

Há diversos movimentos no mundo que estão buscando essa explosão de energia empática, despertando e transformando crianças e adultos, escolas, espaços.

Todos nós estamos precisando exercitar. Então por que não começar agora a criar um movimento seu? E meu? E de cada um?

Texto e foto: Mariana Faria Corrêa

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